terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quer me depilar, me beija!

Gostaria muito de saber quando e quem foi que começou a disseminar a ideia de que mulheres têm que ser depiladas. Não que eu ache que pelos são bem vindos ou esteticamente agradáveis num corpo feminino – aliás, vamos combinar que muito pelo nem em homem dá pra aguentar – mas, poxa vida, quem teve a brilhante ideia de transformar uma coisa tão estúpida numa prática culturalmente obrigatória? Não há tarefa mais ingrata do que a de se submeter a uma depilação. Não digo nem pela dor. Com ela, você se acostuma. A questão é que o processo todo pode ser bastante constrangedor, para não dizer patético.

Em Florianópolis existe um lugar chamado “centro de depilação”. Como você pode notar pelo nome, é um estabelecimento especializado em tortura. Você chega lá, se dirige ao balcão e escolhe o serviço. Axila, perna, virilha... ok, nada de novo. Mas ali você descobre que existe uma lista inacreditável de partes a serem depiladas. Costas, faixa (hãn!?), nariz, ½ nádega (seria só um lado da bunda ou do meio pra baixo?), pezinho (assim, no diminutivo), queixo, seios (!), e a série virilha: comum, cavada, total e modelada. Repare como algumas tem nomes que te deixam em dúvida quanto à localização ou limite geográfico. São 22 opções no total! Aí você escolhe uma e finge que entende do que se trata – não é aconselhável piorar a situação pedindo explicações – e recebe um saquinho com uma luva cirúrgica, uma pinça e uma espátula. Isso não pode ser bom!

“Mariana Guimarães!”. Nunca me chamam assim, mas ótimo! Não é um lugar em que eu deseje ser reconhecida, correndo o risco de transformar o programa de índio num evento social. “Cabine 7”. Como assim cabine? Depois que você passa pela porta cor de rosa, percebe que a máquina é muito mais organizada do que se podia imaginar! São 15 portinhas, uma do lado da outra, com gente sendo melecada, puxada e pinçada. E não se ouve um só grito, acredite!, e sim, coisas do tipo: “Nossa, como está abafado hoje, né?”; Slashhh! “hehehe... faz 3 meses que não me depilo!”; “e quantos filhos você tem?”; “você quer mais cavada?”; “quantas pessoas você depila por dia?” – por que diabos as pessoas perguntam esse tipo de coisa no meio de uma depilação?

Ok, cabine 7. Sou instruída a tirar a calça e a calcinha e aguardar deitada de costas. Poxa vida, não me deram nem uma taça de vinho antes!

- Oi, Mariana, meu nome é Letícia! Abre essa perna pra cá, e essa pra cá, bem assim. Isso!

- Lararilará...

Alguns eternos minutos de um silêncio constrangedor depois...

- Pronto. Agora vira de bruço e segura, assim, com as duas mãos.

Nessas horas só resta mesmo fazer a tal da pergunta idiota:

- Então, Letícia... quantos litros de cera será que vocês usam por dia?

Pô, fala sério, né! Eita funçãozinha ingrata! As luzes estão acesas – aliás, bem acesas!... estamos sóbrias... não rola nem um xaveco!? Quer me depilar, me beija!

7 comentários:

Anônimo disse...

Amei o texto! huaiohauiohouai muito engraçado!
Quem é que depila os seios, meu deus?
Por mim eu não me depilava...tenho nojo não.
Beijo!

Cacau disse...

Hahahah, Mari, e ainda tem que escutar elogios da depiladora?!

Mariana Porto disse...

Obrigada, Yas!
Bora lançar a moda do tererê no corpo?
Hauhauhauha!

Mariana Porto disse...

Isso já não é pra qualquer um, né, Carol!

Cacau disse...

Aposto que o voto para broxante é do Paschoal...

ninha e mi disse...

kkkkkkkkkk eu ate hoje nao me acostumei com a depilaçao. coisa horrivel mari. mas ah quem de seus gritinhos uiiiiiiii. va d vagar !!!!!!!! mas mal da para terminar a frase. realmente é constrangedor. adorei o texto. beijo

José Antônio Hüntemann disse...

Muito bom! haha.