quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Expectativa zero!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Quer me depilar, me beija!
Gostaria muito de saber quando e quem foi que começou a disseminar a ideia de que mulheres têm que ser depiladas. Não que eu ache que pelos são bem vindos ou esteticamente agradáveis num corpo feminino – aliás, vamos combinar que muito pelo nem em homem dá pra aguentar – mas, poxa vida, quem teve a brilhante ideia de transformar uma coisa tão estúpida numa prática culturalmente obrigatória? Não há tarefa mais ingrata do que a de se submeter a uma depilação. Não digo nem pela dor. Com ela, você se acostuma. A questão é que o processo todo pode ser bastante constrangedor, para não dizer patético.
Em Florianópolis existe um lugar chamado “centro de depilação”. Como você pode notar pelo nome, é um estabelecimento especializado em tortura. Você chega lá, se dirige ao balcão e escolhe o serviço. Axila, perna, virilha... ok, nada de novo. Mas ali você descobre que existe uma lista inacreditável de partes a serem depiladas. Costas, faixa (hãn!?), nariz, ½ nádega (seria só um lado da bunda ou do meio pra baixo?), pezinho (assim, no diminutivo), queixo, seios (!), e a série virilha: comum, cavada, total e modelada. Repare como algumas tem nomes que te deixam em dúvida quanto à localização ou limite geográfico. São 22 opções no total! Aí você escolhe uma e finge que entende do que se trata – não é aconselhável piorar a situação pedindo explicações – e recebe um saquinho com uma luva cirúrgica, uma pinça e uma espátula. Isso não pode ser bom!
“Mariana Guimarães!”. Nunca me chamam assim, mas ótimo! Não é um lugar em que eu deseje ser reconhecida, correndo o risco de transformar o programa de índio num evento social. “Cabine 7”. Como assim cabine? Depois que você passa pela porta cor de rosa, percebe que a máquina é muito mais organizada do que se podia imaginar! São 15 portinhas, uma do lado da outra, com gente sendo melecada, puxada e pinçada. E não se ouve um só grito, acredite!, e sim, coisas do tipo: “Nossa, como está abafado hoje, né?”; Slashhh! “hehehe... faz 3 meses que não me depilo!”; “e quantos filhos você tem?”; “você quer mais cavada?”; “quantas pessoas você depila por dia?” – por que diabos as pessoas perguntam esse tipo de coisa no meio de uma depilação?
Ok, cabine 7. Sou instruída a tirar a calça e a calcinha e aguardar deitada de costas. Poxa vida, não me deram nem uma taça de vinho antes!
- Oi, Mariana, meu nome é Letícia! Abre essa perna pra cá, e essa pra cá, bem assim. Isso!
- Lararilará...
Alguns eternos minutos de um silêncio constrangedor depois...
- Pronto. Agora vira de bruço e segura, assim, com as duas mãos.
Nessas horas só resta mesmo fazer a tal da pergunta idiota:
- Então, Letícia... quantos litros de cera será que vocês usam por dia?
Pô, fala sério, né! Eita funçãozinha ingrata! As luzes estão acesas – aliás, bem acesas!... estamos sóbrias... não rola nem um xaveco!? Quer me depilar, me beija!
domingo, 12 de dezembro de 2010
Que seja eterno até que cubra!
“O amor é uma flor roxa que nasce no coração dos troxa”, já dizia minha irmã. Realmente, quem é que não fica um pouco ridículo quando está apaixonado? Não vou nem comentar aquelas bobagens clássicas de filme de comédia romântica porque o lance, na verdade, é muito mais sério. Quando o cupido te acerta, você simplesmente parece esquecer a pessoa que é, e passa a ser aquilo que o outro espera que você seja. E o mesmo acontece do outro lado.
Essa é a coisa mais trouxa que pode – e vai – acontecer quando você se apaixonar! O casal deixa a individualidade de lado e vai caminhando a um denominador comum: a moça baladeira e expansiva agora sai menos e é mais discreta; o cara tímido que nunca saía de casa, agora vai aos poucos programas que a parceira insiste em comparecer e até arrisca algumas piadinhas. Tudo bem. Você acabou com aquela pessoa pela qual se atraiu no começo, mas não entremos nesse mérito. Agora os pombinhos deixam de ser dois e passam a ser um megazord do amor! Eles têm os mesmos gostos, os mesmos amigos, as mesmas opiniões, e aí começam a brincar de pensar em como seria a casa ideal, o casamento perfeito – ou nada de casamento!, nós somos modernos! – o filho com o nariz de um, os olhos da outra... e aí decidem comprar uma aliança de compromisso – modernos, que nada!
Mas é muito amor para um casal só, e a aliança não é suficiente. E então, a genial decisão: vamos fazer uma tatuagem! Claro! Por que não? Sendo o amor, por essência, uma coisa tão perene, nada como brindar esse sentimento com algo da mesma infinitude: uma tatuagem! Ele vai escrever Rosicheyla em letras garrafais, no braço, de preferência do cotovelo ao pulso. Assim, pra todo mundo ver mesmo. Ela já opta por algo mais discreto. Quem sabe “Sanderson, amor eterno” na nuca, ou alguma homenagem mais picante, na virilha?
Acontece que, nessa vida, nada é para sempre. Rosicheyla começa a sentir falta das baladas e achar as piadas de Sanderson pouco criativas: “ele nunca foi bom nisso”. Este, por sua vez, começa a ouvir histórias sobre a piriguete que sua namorada foi um dia e a pensar que talvez seria melhor se relacionar com alguém mais discreto. E assim tudo piora exponencialmente e eles decidem terminar antes de perder o respeito. Mas e a tatuagem? Pois é... parece que algumas coisas nessa vida são, sim, para sempre. Não me venha falar em remoção a laser! Você acha que Rosicheyla tem dinheiro pra isso? Se apagar não dá, o jeito, então, é tocar a bola pra frente. Rosicheyla abaixa as calças e puxa a calcinha de lado. “Cobre!”.